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O mistério do “cheiro de idoso”: entenda a ciência por trás do fenômeno

Quem nunca entrou na casa de seus avós e notou um aroma distinto no ar, não é mesmo? Um cheirinho todo particular, em geral, dono de muito afeto e boas lembranças. Saiba que isso não acontece só com os seus avós. Ao contrário, esse fenômeno é comum e tem até um nome: “cheiro de idoso”. Mas por que os idosos têm um cheirinho só seu? Neste artigo, vamos desvendar a ciência por trás desse fenômeno intrigante.

O que a ciência revela sobre o “cheiro de idoso”?

O “cheiro de idoso” é mais do que apenas um mito cultural. Ele se trata de um fenômeno biológico de verdade. De acordo com um estudo publicado na revista científica PLOS ONE, os seres humanos são de fato capazes de distinguir a idade de uma pessoa pelo cheiro do seu corpo. Não é à toa que os idosos têm o seu próprio cheiro.

Além disso, os pesquisadores coletaram amostras de odores corporais de três grupos de idade diferentes: 

  1. Jovens (20-30 anos);
  2. Meia-idade (45-55 anos);
  3. Idosos (75-95 anos). 

Os participantes foram capazes de distinguir os grupos de idade com precisão surpreendente, sendo que o grupo de idosos foi o mais facilmente reconhecível.

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Um pouco sobre a biologia do “cheiro de idoso”

Tudo bem que o cheiro de idoso vai além de um mito cultural, mas a pergunta que não quer calar é a seguinte: o que exatamente causa esse cheiro distintivo? A resposta está na química do nosso corpo. Em outras palavras, à medida que envelhecemos, a composição das substâncias que produzimos muda. 

Nesse sentido, uma dessas substâncias é o 2-nonenal, que se trata de um composto orgânico, liberado através da pele à medida que vamos envelhecendo. Ele tem sido apontado como um dos principais responsáveis pelo cheiro característico dos idosos. O nonenal é um subproduto da oxidação dos ácidos graxos insaturados na pele e é produzido em maior quantidade à medida que envelhecemos. 

Ademais, um estudo japonês, que foi publicado na revista Journal of Investigative Dermatology em 2001, descobriu que o nonenal estava presente em concentrações bem mais altas na pele de pessoas com mais de 40 anos se comparado com pessoas mais jovens. O 2-nonenal, por sua vez, tem um cheiro distinto que é frequentemente descrito como “amanteigado” ou “gramado”. Assim, conforme se acumula na pele e na roupa, pode contribuir para o que percebemos como “cheiro de idoso”.

Quais são os fatores adicionais desse processo?

Há, por sua vez, outros fatores que também podem contribuir para o cheiro característico do idoso. Dentro desse grupo, estão incluídos itens como:

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  • Medicamentos;
  • Dieta;
  • Saúde geral de um indivíduo. 

Todos esses fatores podem afetar o cheiro do corpo dos indivíduos, já que estão intimamente relacionados com processos importantes do organismo. Além disso, a higiene pessoal e os cuidados com a pele também podem desempenhar um papel importante.

Outro aspecto importante trata-se de que, com o avanço da idade, ocorrem mudanças na pele e nas glândulas sudoríparas. Na prática, à medida que envelhecemos, a nossa pele vai ficando mais fina e vai perdendo sua elasticidade. Em paralelo a esse fenômeno, as glândulas sudoríparas diminuem sua função e produzem menos suor. Como consequência, a pele se torna mais seca e propensa a irritações e infecções. E a pele seca, por sua vez, também pode levar à produção de um odor específico, especialmente nas áreas onde as glândulas sudoríparas estão mais concentradas, como as axilas e os pés.

Por fim, mas não menos importante, é preciso destacar as alterações hormonais que ocorrem durante o processo de envelhecimento, que também contribuem para o cheiro dos idosos. À medida que vamos ficando mais velhos, a produção de alguns hormônios diminui, enquanto a de outros aumenta. 

Nesse sentido, essas alterações hormonais, por seu turno, podem afetar o equilíbrio da microbiota da pele, resultando em um odor específico. Como exemplo, é possível citar o declínio dos níveis de estrogênio nas mulheres após a menopausa, que pode levar a mudanças na composição da pele e no odor do corpo.

“Cheiro de idoso”: assunto da ciência e das boas lembranças

Agora que nós já sabemos que o “cheiro de idoso” é real e tem uma explicação científica, podemos ter uma visão mais empática e informada do envelhecimento. Afinal, o envelhecimento é uma parte natural da vida e cada fase vem com seu próprio conjunto de experiências, sensações e cheiros.

Também é preciso lembrar o quão afetivo esse aspecto pode ser. Como apontamos no início, as memórias guardadas na casa dos avós são verdadeiras preciosidades que levamos conosco ao longo da vida. Portanto, aproveite bem esse “cheiro de idoso” no seu lar ou na casa de seus entes queridos.

Manoela Lopes

Jornalista e escritora. Apaixonada por contar boas histórias e ajudar as pessoas com o meu conhecimento. Prazer, pode me chamar de Manu.

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